10 de março de 2023

Não há nenhuma evidência de que as joias eram um presente trocado entre dois chefes de estado; cresce a suspeita de propina

Autor: Redação

O recém descoberto do caso das jóias de 16,5 milhões que o presidente Jair Bolsonaro tentou contrabandear da Arábia Saudita para ele no Brasil é ainda tratado como um presente entre dois países que, pela lei, é do Estado brasileiro e, portanto, Bolsonaro não poderia ficar. Ocorre que a análise vem sendo cada vez mais refeita por articulistas e parlamentares. Ao invés de apropriação de um patrimônio do estado, o que já é descaminho e peculato, crescem as suspeitas de que o regalo seria muito mais.

Isto porque, presentes oficiais são entregues em cerimônias e não informalmente no aeroporto, como foi o caso das jóias e do outro estojo com relógio e outros apetrechos.

Os diplomatas consultados pela imprensa alegam que nunca viram presente oficial com um valor tão elevado. Normalmente, eles são a expressão da cultura do país, uma roupa, um artesanato e não jóias suíças. Só para se ter ideia da diferença, uma comitiva dos EUA também visitou a Arábia Saudita na mesma época e recebeu um presente oficial de 3 mil doláres.

O ministro das minas e energia, Bento Albuquerque, enviou uma carta aos sauditas dizendo que o presente foi entregue. Ele aparece em recente vídeo veiculado pela imprensa na receita, porém, reclamando que passaram a mercadoria a ele no aeroporto e ele que teve de se virar para trazer. Aliás, na bolsa de um assessor como mula.

As joias ficaram durante anos na receita federal com diversas tentativas informais de Jair Bolsonaro de acessá-las. Todas ao arrepio da lei. Só ficamos sabendo da existência dos diamantes porque a receita comunicou ao governo federal a situação de esquecimento do item.

Está escancarado por ofícios, comunicados, telefonemas e testemunhos que Jair Bolsonaro queria pegar os diamantes sem que nada ficasse registrado. Como não conseguiu, demitiu o chefe da receita federal.

Presente oficial?

Agora, as investigações caminham para uma significativa coincidência. No momento em que fora presenteado, Jair Bolsonaro vendeu uma refinaria na Bahia aos saudistas por 1,75 bilhão, mas que era avaliada em torno de 4 bilhões. A refinaria hoje entrega combustível acima do valor de mercado.