11 de agosto de 2023

Em mensagens obtidas pela PF, assessores citam conversa com Bolsonaro sobre valor de presentes e 'sumiço' de item de 'dona Michelle'

Autor: Cecília Marinho

Mensagens de celular obtidas pela Polícia Federal mostram assessores do então presidente Jair Bolsonaro conversando sobre a venda ilegal de presentes oficiais dados por delegações estrangeiras.

Em algumas dessas mensagens, os assessores dão a entender que Jair Bolsonaro chegou a conversar sobre o valor de mercado das peças – e que um dos itens já tinha "sumido com a Dona Michelle", em referência à então primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Em uma conversa, o assessor especial de Jair Bolsonaro Marcelo Câmara envia áudio ao ex-ajudante de ordens Mauro Barbosa Cid, dizendo que já tinha conversado com Bolsonaro sobre o tema.

No áudio enviado em 1º de março deste ano, segundo a PF, Câmara explica a Mauro Cid o motivo de "o ex-presidente Jair Bolsonaro não ter pego as esculturas quando se encontrou com o general Lourena Cid em Miami".

 

"Não. Ele [Bolsonaro] não pegou porque não valia nada. Então tem (...) tem aqueles dois maiores: não valem nada. É, é... não é nem banhado, é latão. Então meu pai vai, vai levar pro Brasil na mudança (...)", diz o assessor de Bolsonaro.
 

Debate sobre 'legalidade' da venda

 

Áudios obtidos pela PF também mostram Marcelo Câmara e Mauro Barbosa Cid debatendo a legalidade da venda dos itens.

Objetos de alto valor, como esses que vinham sendo negociados, devem ser obrigatoriamente entregues ao acervo da Presidência da República – ou seja, são bens públicos, e não pessoais.

Cid pede que Câmara ligue para Marcelo para tratar do tema. Segundo a PF, trata-se do ex-chefe do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência da República, Marcelo da Silva Vieira.

"Mas, liga pra ele. Ele tinha me falado, ele me garantiu que poderia, que o presidente poderia fazer o que quisesse porque isso são itens personalíssimos (...)", diz Cid.

 

"Eu falei com ele [Bolsonaro] sobre isso, Cid. Aí ele me falou que tem esse entendimento sim. Mas que o pessoal questiona porque ele pode dar, pode fazer o que ele quiser. Mas tem que lançar na comissão, memória, entendeu? (...)", responde Marcelo Câmara, assessor de Bolsonaro.

'Sumiço' de item para Michelle

Logo após falar dessas possíveis restrições para a venda do kit de presentes oficiais, Marcelo Câmara segue no assunto – e cita que algum presente teria "sumido" com a dona Michelle [Bolsonaro, ex-primeira-dama].

"O que já foi, já foi. Mas se esse aqui tiver ainda a gente certinho pra não dar problema. Porque já sumiu um que foi com a Dona Michelle; então pra não ter problema", diz Câmara.
Fonte: G1

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