12 de agosto de 2023

Bolsonaro elogiou “discrição” de Mauro Cid ao deixar governo

Autor: Redação

Por Guilherme Amado - Do Metrópoles - Uma carta assinada de próprio punho por Jair Bolsonaro reforça os elos que ele mantinha com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência que está preso. No documento, obtido pela coluna, Bolsonaro elogiou a “coragem moral, camaradagem e discrição” do assessor, que nesta sexta-feira (11/8) passou a ser suspeito de operar um esquema de venda ilegal de presentes oficiais da Presidência.

“Durante todo o período em que trabalhou como chefe de minha Ajudância de Ordens, o Ten. Cel. Cid desempenhou suas funções com ação destacada no cumprimento do dever, ultrapassando muitas vezes os limites normais e comuns de bravura, com entusiasmo e profissionalismo, cumprindo-as com altos padrões de eficiência e eficácia, além das obrigações normais inerentes a sua função, colocando, por vezes, sua integridade física em risco”, dizia a carta assinada por Bolsonaro.

O ex-presidente elencou outros elogios a Cid no texto. “Suas qualidades profissionais, aliadas à sua coragem moral, camaradagem e discrição, fizeram com que angariasse o respeito e a admiração de todos aqueles que tiveram o privilégio de partilhar sua alegre e dinâmica companhia.”

O documento é datado de 31 de dezembro de 2022, mas foi enviado para o e-mail funcional de Osmar Crivelatti, braço-direito de Cid na ajudância de ordens, no dia 29 de novembro. À época, segundo a Polícia Federal, Cid já atuava na venda ilegal dos presentes que Bolsonaro recebia de autoridades estrangeiras.

A PF investiga Cid como o operador de uma suposta organização criminosa de venda de presentes recebidos pelo Estado brasileiro no exterior. A corporação cumpriu mandados de busca e apreensão na casa do pai de Cid, o general Mauro César Lourena Cid; do tenente Osmar Crivelatti; e de Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro. Em áudio interceptado pela PF, o ex-ajudante de Bolsonaro citou US$ 25 mil para o ex-presidente, além do desvio de presentes valiosos recebidos pelo governo brasileiro.

“Profissional íntegro e responsável, possuidor de ímpar capacidade de trabalho, foi dinâmico, preciso e objetivo, evidenciando sua capacidade de comandante, chefe e líder na coordenação dos trabalhos da Ajudância de Ordens, prestando toda assistência a mim e à minha família de forma ininterrupta e imediata, deixando, por muitas vezes, o convívio de sua própria”, disse Bolzonaro, em outro trecho da carta.

Em maio deste ano, após a prisão de Cid pela falsificação de cartões de vacina, Bolsonaro procurou se distanciar do ex-ajudante de ordens e afirmou que não conversava mais com o assessor. “Peço a Deus que não tenha errado e que cada um siga sua vida”, afirmou, na ocasião.

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