20 de janeiro de 2025
História do RN pune a “terceira via”: por que acho que o prefeito de Mossoró não será candidato a nada em 2026
Autor: Daniel MenezesO prefeito de Mossoró Allyson Bezerra diz ser pré-candidato ao governo em 2026. Bem avaliado e com ótima votação em 2024, será que ele vai mesmo?
Para ser candidato ao governo, o custo é antes de tudo para Allyson bastante elevado. Ele terá que se desincompatibilizar no início de 2026. Perderá assim 3 anos de gestão da segunda maior prefeitura do RN. Vai abrir de tudo por uma aventura? Vejamos as opções.
É improvável que ele consiga ser candidato pela extrema direita, que hoje é controlada por Rogério Marinho. Está desenhado que o postulante do grupo é ele, com o endosso do prefeito de Natal Paulinho Freire e do senador Styvenson Valentim, que se transformou num anexo meio atrapalhado (vide a eleição da Femurn) de Marinho.
Pelo governo, o provável é que o pleiteante seja Walter Alves, o vice-governador que deve assumir o executivo estadual com a saída de Fátima para o senado. Sobra o que para Allyson? Ser uma terceira via.
Só que a história ensina. A eleição no RN costuma ser de combate entre polos, em especial, de governo x oposição. Com a devida distribuição de partidos, recursos, tempo de tv e apoios entre os dois lados. A última vez que tivemos uma candidatura de terceira via competitiva foi a do ex-senador Fernando Bezerra em 2002. Ainda assim, ele sequer foi para o segundo turno. A disputa se deu entre Wilma de Faria e o então governador Fernando Freire. E Wilma levou a parada.
Em 2010, Carlos Eduardo, até então bem lembrado como prefeito de Natal, também terminou na terceira posição na disputa pelo governo do RN. Rosalba Ciarlini se sagrou governadora e Ibere Ferreira ficou na segunda posição.
A cadeira de governador tende a colocar quem está nela no segundo turno. Cabe lembrar também que Walter deve receber o apoio do governo federal de Lula, um canhão eleitoral nas terras de poti. Basta recordar da boa conversa de Lula, Walter e Garibaldi quando o presidente veio declarar apoio a Natália Bonavides em 2024. O próprio Lula falou que via Walter Alves como um bom nome para governar o RN. E, pela extrema direita, Rogério Marinho irá monopolizar os votos de oposição. Sobra o que para Allyson?
Vale enfatizar ainda que Allyson sequer manda no União Brasil, seu partido. A agremiação está caminhando para se transformar num satélite do grupo bolsonarista, com a perspectiva de enfraquecimento de José Agripino, hoje presidente estadual do UB e apoiador do nome de Allyson Bezerra para o governo em 2026. Está em campo uma operação liderada por Rogério Marinho (PL) e Paulinho Freire (UB) para retirar o comando de Agripino ou torná-lo um presidente decorativo.
Allyson Bezerra pode ainda ir para o PSD. Com isso, teria mais liberdade para transitar politicamente. As portas do partido já foram abertas para ele. Porém, ainda que aconteça, o realismo exposto acima não desaparece. Ele se livraria da pressão de Rogério Marinho, que não o perdoa por não ter lhe entregado a vice-prefeitura de Mossoró em 2024, mas sua postulação em termos competitivos não alteraria uma vírgula.
Agora, claro - colocar o nome serve para gerar visibilidade e permitir melhores negociações. E, ora, o prefeito de Mossoró sequer fez um federal e um estadual em 2022. Penso ser este o seu principal objetivo: eleger alguém para a assembleia legislativa do RN e um deputado federal.
Caso o acaso incontrolável não entre em cena, não consigo antever nada além disso. E, óbvio, se fizer um estadual e um federal, o que acredito ser possível, não será pouca coisa.
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