14 de julho de 2023
Ministros do Supremo Tribunal Federal deveriam se manifestar apenas em seus processos
Autor: Daniel MenezesMinistros do Supremo Tribunal Federal deveriam se manifestar apenas em seus processos. O ponto é que nos acostumamos com o fato de que eles opinam sobre tudo. Aí, quando eles entram em temas que nós gostamos, tudo bem. Quando algum aborda aspecto controvertido, o caldo entorna.
Agora foi a vez de Luis Roberto Barroso. Em fala num evento na União Nacional dos Estudantes, disse que derrotou a censura, salvou a democracia, derrotou o bolsonarismo.
No contexto, sua fala faz sentido. Ele disse que derrotou aqueles que queriam o fim da democracia. E, convenhamos, uma generosa parcela do bolsonarismo namora sério com o golpismo. Basta ver as pesquisas de opinião e as ações de seus líderes. Seria bom puxar pela memória o projeto venezuelano de Jair Bolsonaro de alterar composição do supremo a partir de 2023. Não fosse a resistência internacional, Lula não teria assumido.
Só que ele não era para ter aberto a boca. Trata-se da postura demandada de um magistrado. Na real, o ponto é que todos falam. E aí, cabe lembrar que, quando ele tagarelava pela não suspeição de Sérgio Moro, o que retirava Lula do pleito de 2018, os mesmos que atacam ele agora comemoravam. O ministro acaba ficando a mercê do humor de setores da opinião pública.
E, se era para dizer algo, que fizesse menção a grupos não institucionais, aos que queriam o fim da democracia ou algo do gênero. Mirasse na postura criminosa anti-institucional e não numa clientela eleitoral, ainda que ela cultive uma afinidade eletiva com a prática.
Esta não foi a primeira crise em decorrência da postura de ministros do supremo e não será a última. É torcer ao menos para que saibam escolher melhor as palavras. E se mantenham do lado da democracia. Porque a mudança de postura é pouca provável que venha ocorrer ao menos em curto período.
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